27.06.13

Um daqueles textos difíceis que nunca consigo fazer airosamente. Raios.

Há quem fale muito a respeito do poder das redes sociais, que as utilize para andar à procura de engate, para destilar ódio, para aliviar os stresses diários (um bocadinho o meu caso, confesso), para promoverem o seu trabalho, para conviver, para se exibirem, entre muitas outras coisas. Todavia, também serve para nos ligarmos a gente desconhecida, a tomarmos contacto com essas pessoas que não conhecemos e a participarmos no seu dia-a-dia - e vice-versa. Naturalmente, quando acontece algo de mais negativo, isso também nos afecta, nem que seja um bocadinho.

 

Serve este intróito todo para falar da situaçãoda de um casal de jovens1, com quem tomei conhecimento precisamente no Twitter - ela seguiu-me e eu acabei por devolver o gesto. E foi através do Twitter que fui tomando conhecimento da sua gravidez, que fui acompanhando as alegrias e tristezas do desenvolvimento da bebé - para além dos web-logs de ambos os pais, apesar de nunca ter comentado. Dia 20 deste mês, a Leonor veio ao mundo, com 26 semanas e 441 g de peso. As probabilidades de sobrevivência nunca foram muito grandes, mas mesmo assim ela foi-se aguentando e lutando contra essas mesmas probabilidades, desafiando-as, e cada dia alcançado era uma vitória para ela e para os pais. Ontem, a história teve o seu desfecho, e a Leonor partiu deste mundo seis escassos dias após ter chegado. Quando comecei a ver os tweets da mãe a indiciarem o pior, confesso que comecei a sentir algo revolver-se cá dentro. Passei pela conta de Twitter do pai, esperando que as coisas melhorassem, mas quando surgiu a confirmação, confesso que fiquei alguns instantes de cara à banda, sem saber o que fazer ou como agir.

Porquê? Que poder é este que possuem as redes sociais, que nos faz interligar-nos com pessoas que nunca conhecemos, que nunca vimos, e nos faz partilhar as suas alegrias e as suas tristezas? O que é certo é que, durante o dia de ontem, as coisas parece que não correram tão bem.

 

Há outra questão que este acontecimento me fez voltar à lembrança. Como é que se pode acreditar em algo superior depois de algo assim? Como é que pode existir fé e esperança que o nascimento prematuro de um filho e a sua luta e falecimento faça alguma espécie de sentido mais retorcido e seja um "desígnio de Deus"? Eu pertenço àquele grupo de pessoas que acredita que, se existe um deus, algo, ele faria tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar a pequena Leonor - ou, ao menos, ajudasse a mãe a levar a gravidez até ao fim, dando todas as hipóteses à pequenita de sobreviver e dar alegrias aos seus papás.

 

Um grande abraço de solidariedade para a Ana e para o André. Que não deixem que o desaparecimento da Nô vos afaste ou vos deite abaixo, mas que sirva para ficarem mais fortes e continuarem a procurar a felicidade, relembrando toda a felicidade que a pequerruchita vos trouxe.

 

 

 

 


1- Mais novos que eu e já casados. Só isto dá-me vontade de me atirar aqui da janela do prédio enquanto penso "mas carraio ando eu a fazer com a minha vida?"

disfunção original de Carlos Loução às 21:16

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