03.06.15

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As redes sociais são cada vez mais um cancro. A conclusão é fácil de se chegar. E chega-se lá por muitos lados.

Nestes últimos dias, por esse Facebook surgiu uma corrente de defesa de animais. Nada de novo, pois então: hoje em dia é das coisas que mais surge, para além de lojas de chineses, lojas de indianos e igrejas evangélicas. Também não vejo nada contra, afinal de contas, pois os animais não têm culpa que o ser humano seja um bicho cruel e incapaz de viver em sociedade com outros (nem os da própria espécie, quanto mais os das outras!).

A grande revelação é por ver que esta corrente de defesa de animais é em prole... dos caracóis. Dessas criaturas sentientes que sofrem horrores dentro de uma panela com molho a ferver e são cozidas vivas e metidas aos magotes dentro de travessas para serem depois chupadas para fora das suas cascas ou retiradas dela com recurso a alfinetes ou palitos. Sim, há pessoas que se indignam com o facto de haver outras pessoas que se deliciam com esse petisco, podendo passar tardes inteiras de roda de uma travessa deles e a abanhá-los em cerveja. E, vai daí, toca de reunir esse grupo de pessoas e tirar fotos com cartazes a perguntar "Gostava de ser cozido vivo? Ele também não!", acrescentando uma foto de um caracol, como que para gerar empatia ao público em geral, de olharmos para aquelas criaturinhas tão dóceis e ternurentas e termos dó de as comermos com torradas e cerveja.

Acho que já peca por tardia esta campanha; tenho até algumas sugestões para os seus autores, com vista a animais que também merecem campanhas do mesmo género, com slogans e tudo:

  • "Você gostava de ser esmagado com uma pancada? Ela também não!", com foto de uma mosca;
  • "Você gostava de ser apertado entre dois dedos? Ela também não!", com foto de uma carraça;
  • "Você gostava de ser envenenado? Ela também não!", com foto de uma lagarta;
  • "Você gostava de levar com produtos nocivos para a sua saúde? Ela também não!", com foto de uma pulga;
  • "Você gostava de levar com sprays repelentes? Ele também não!", com foto de um mosquito.

Se formos a ver bem, todos estes cinco exemplos dados são de animais sentientes, certo? Todos eles estão vivos, portanto sentem, certo? Então não nos devemos proteger contra eles porque, afinal de contas, estamos a matar animaizinhos indefesos apenas pelo nosso bem-estar, para não estragarem as nossas coisas ou não se alimentarem de nós. Deveríamos, isso sim, deixar que todos eles subsistam, pois não temos o direito de interferir com eles, certo?

Bom.

Não sou grande fã de caracóis, até passo bem sem os provar, mas tudo isto me parece de um limite absurdo. Há tanta coisa com que se indignarem, vão-se meter agora com os petiscos da malta? O que vem a seguir, manifestações no Terreiro do Paço contra a ingestão dos tremoços, por a planta que os dá ser essencial para o eco-sistema das abelhinhas (nem sei se são ou não)? Invasões de cafés por lá se consumir salada de orelha de porco? Linchamentos por se vender pica-pau, que, para além de ser carne, tem nome de ave e tudo?

Aqui chegamos à frase com que se começou este texto: as redes sociais são cada vez mais um cancro. E não há maneira de acabarem com ele...

disfunção original de Carlos Loução às 17:23

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