Bom, depois dum final de semana que me fez andar dum lado para o outro, quer com o meu grupo de rapazes cantadores, quer com a malta da fotografia, está na altura de fazer o rescaldo de algo que se passou pelo meio de todos esses eventos: perdi a cabeça, esqueci-me de todas as vezes anteriores, e fui sair à noite.
Atenção: não é sair à noite como o costume - ir ao café, estar lá um bocado na palheta e depois vir-me embora -; é sair à noite... e só retornar às tantas da madrugada, fedendo a fumo de tabaco, com os ouvidos tapados de cera e com uma dor estupidamente dolorosa. Pois é... é ir p'rà night. Vulgo, discoteca. OK, não foi bem uma discoteca, mas para todos os efeitos é o mesmo.
(Antes de mais nada, também tenho de fazer um mea culpa: fui-me meter nessa alhada depois de ter passado uma tarde ao sol, de máquina fotográfica em punho. Resultado? Pescoço e braços queimados... e uma bela marca branca onde eu, estupidamente, deixei ficar o relógio. Mas penso que não seria de esperar outra coisa de mim, não é?)
Não me vou alargar a respeito de como a coisa correu, porque não é o busílis da questão (se bem que estar uma hora - ou mais - para pagar, é dose... não sei se me apanham lá mais alguma vez); em vez disso, vou ter de alardear argumentos que, a mim, se me afiguram como negativos neste tipo de coisas:
- Porteiros: grandes macacos que vestem sempre de negro, tem uma voz grave e, salvo excepções, pouco amistosa, e ar abrutalhado. Estão indigitados pelos gerentes para fazerem valer critérios de selecção algo dúbios a respeito de quem passa os portões da entrada. Fora do seu local de trabalho, passam a vida no ginásio, onde muita gente se torna conhecida deles, por modo a conseguir uma entradazita à borla no mesmo estabelecimento, ou então um cartãozito de consumo mais barato - ver ponto 2. Normalmente, a chegada dos ditos "amigos" é a única vez em que a sua voz é mais amistosa. Fora do ginásio e do local de trabalho, pouco tempo sobra para dormir - é uma perda de tempo, se formos a ver - e daí vem a pouca inteligência que possuem.
- Consumos: é líquido: quem é pobre não pode ir p'rà naite. E, especialmente, se tiver nascido com uma torneirinha no meio das pernas. Agora, que me desculpem, mas eu tenho de me armar em gaja: eu exijo a igualdade de direitos1! Eu exijo cartões de consumo ao mesmo preço dos das "shoras donas"! É que a mim dói-me ter de largar sempre mais de 10€ para estar a córtir um bocado, enquanto devem-se contar pelos dedos de uma mão as que uma senhora teve de pagar essa maquia para o mesmo... Que seja um incentivo para que elas apareçam, com decotes até ao umbigo e saias pela cintura, a mostrarem pernas de dois metros e a roçarem-se todas umas nas outras... só que, com umas tabelas bem inflaccionadas para a malta que
mijaurina2 em pé, esse espectáculo é apenas para inglesa ver, que esta malta começa a pensar duas vezes antes de ir a tais sítios... - O córtir propriamente dito: confesso que já não sei como me comportar no meio duma pista de dança. Mas nunca percebi porque raio se levanta, constantemente, o braço direito, e se abana a mão repetidamente, em movimentos de trás para a frente com ela erguida no ar. O que quer isso dizer? Que o som que está a dar é "fixe"? Que o DJ "lhe está a dar bué"? A sério, quem souber, que me explique, que eu gostava de perceber... Ainda, a respeito do mesmo: será que, para córtir, é preciso a malta abanar-se toda? Andar com os cotovelos dum lado para o outro, a cravar com os ditos nas costas dos outros, ou a levar com saltos em cima dos meus pobres dedos dos pés? É que, parecendo que não, isso aleija um bocadinho, e eu ainda gostao de chegar a casa mais ou menos no mesmo estado em que saí de lá.
- Oldies revisitados: não percebo porque se há-de passar a vida a assassinar autênticamente clássicos dos anos 80 e 90. Para quem (como eu) gosta dos ditos, ouvir, vá, como exemplo, uma versão altamente adulterada do "Message in a Bottle" dos Police, é o equivalente a ouvir-se cinco ou seis minutos de alguém a arranhar num quadro com unhas extremamente compridas. É agonizante. É tortura que devia de ter sido proibida pela Convenção de Genebra. E, ao passo que, noutras discotecas de mais nomeada e maiores, sempre se pode ir para outra pista de dança e esperar que o som, lá, seja melhor, noutros, em que só há uma pista, tem que se endurar, e agonizar...
E bom, já chega de falar mal, que estou cansado.
1- Há quem diga, afinal de contas, que o que as mulheres querem, não é a igualdade de direitos, mas sim que os papéis se invertam e que elas passem a ter os privilégios todos. Tendo em conta que, quem tem proferido tais coisas, são membros desse mesmo género, penso que está tudo dito...
2- O politicamente correcto é uma gaita, realmente... mas nunca fiando, antes alguém me atire com um calhau à cabeça por dizer ordinarices.