01.03.22

Imagem retirada de livro escolar holandês de 2015

Algumas considerações sobre a questão na Ucrânia feitas por um burro:
 
1. Gostava que me mostrassem provas das tais infrações cometidas pelos Ucranianos que serviram de motivo para o Putin desencadear esta invasão. De fontes independentes. Bastava uma só. Gostava de ver em que é que os militarmente superiores Ucranianos conseguiram atemorizar, ameaçar ou matar os pobrezinhos separatistas apoiados pelo Kremlin.
 
2. "Eu não defendo o Putin nem os russos, mas a NATO..."
Não. Não vão sequer por aí. Dois errados não fazem um certo: não é por D. Afonso Henriques ter supostamente batido na mãe (que não bateu, diga-se) que isso me dá carta branca a eu bater na minha. E, pelo menos que eu cá saiba, não foi a NATO que provocou coisa nenhuma. Tem bases perto da Rússia? E daí? Quantos ataques já lançou dessas mesmas bases contra interesses russos? Lá vou eu novamente: do meu conhecimento, não vejo a NATO como uma força ofensiva - mas admito que possa estar errado e, nesse caso, façam o favor de me desmentir.
 
3. Diz-se que a Rússia, presentemente, não é um país comunista. Da minha fraca acepção das coisas, diria que isso é um facto: o regime que lá vigora não é, de todo o comunismo. Dito isto, não consigo perceber o porquê de ver tanta gente ligada ao PCP (e o próprio partido!) defender a invasão da Ucrânia pelas forças armadas russas. Será uma dor de barriga devido ao facto de a Ucrânia se ter mostrado favorável à NATO - NATO essa que, ao que tudo parece e 31 anos depois da dissolução do Pacto de Varsóvia, continua a ser um espinho cravado na garganta de muito comunista - e à União Europeia? Não sou grande futurólogo, mas cheira-me que a sorte do PCP é apenas haver eleições daqui por dois anos, senão talvez os seus resultados fossem ainda mais pobres que os das últimas legislativas...
disfunção original de Carlos Loução às 16:27

10.11.21

Fonte: Aleksei Morozov/iStock

Pois é. Três anos sem um único post neste recanto. E, para falar verdade, já não pensava dar uso a este velho recanto. Mas há bichos que falam mais alto e vontades que não desaparecem. E por isso aqui estamos. Sabe-se que o fenómeno das redes sociais tem causado o definhar desta blogosfera que já foi um mundo... o que no meu caso até nem se verifica: se não escrevo aqui, não escrevo em Facebooks, ponto. Mas talvez possa dar uma nova vida a este cantinho - e tenho aqui um ou outro rascunho que até posso chutar para a actividade.

Mas adiante.

Eu, pessoa depressiva, me assumo. Para muitos, a depressão, não passa de uma desculpa. "Queres é atenção!", "Coitadinho de ti, até parece que tens algum problema grave!", para citar dois exemplos de respostas. É sempre fácil estar de fora e proferir juízos de valor sobre o que se passa na cabeça de outrém. Todavia ninguém julgue sem saber as dores alheias - talvez seja um chorrilho de lugares-comuns, mas é a realidade: podemos ter um emprego, termos familiares que se preocupam connosco, que nos adoram, e mesmo assim sentirmo-nos como se tivéssemos uma pedra de 16 t amarrada ao pescoço. Por coincidência, neste dia há 12 anos um jogador de futebol bastante conhecido colocava termo à sua vida devido a uma depressão. E um futebolista - e um futebolista como era o Robert Enke - em teoria seria uma pessoa que não teria grandes motivos para andar deprimido, o que apenas demonstra que são coisas que não afectam só os pobretanas e a arraia-miúda.

Para outros, a solução para quem está deprimido passa por dar umas palmadinhas nas costas e dizer "Não penses nisso!". O problema é que quem está deste lado da barricada não consegue não pensar nisso. Aliás, como bem se sabe, quanto mais se pensa em não fazer uma coisa mais nós vamos fazer essa mesma coisa - e a mente é demasiado desobediente para fazer aquilo que é suposta. Pensamos em tudo e no seu oposto, questionamos tudo, interrogamo-nos sobre se realmente estaremos a fazer alguma coisa certa, não temos a certeza do que devemos fazer ou não. E por mais que nos dêem palmadinhas nas costas, de manhã ao acordar as dúvidas vão lá estar à mesma, as vozinhas que vão buscar toda a tralha negativa existente vão acordar e começar logo ao trabalho... não nos restando outra alternativa senão engolir em seco e tentar arranjar força de vontade para meter os pés fora da cama e tentar encarar um mundo e uma sociedade que não se compadece de quem não é "forte", de quem não tem "lata".

Que podemos fazer? Diz-se que o primeiro passo tem de ser dado por nós, o reconhecer que precisamos de ajuda; a meu ver e talvez por me ter sido fácil reconhecer isso, acho que esse passo é extremamente fácil. Todavia... e depois? Que ajuda é que nos vai fazer superar estes desarranjos? Vamos ao psiquiatra, ele receita-nos medicação... mas até a medicação ficar no ponto ainda há muito a penar - e não nos esqueçamos que a medicação é receitada ao consoante daquilo que nós dizemos, e o que nós escolhemos dizer ao psiquiatra como possível causa para os nossos problemas até pode ser um factor irrelevante, enquanto nos calamos sobre aqueles que realmente nos deitam abaixo porque os desvalorizamos. Não há absolutos, não há possibilidade de nos ligarem uma máquina à cabeça e verem exactamente quais as zonas afectadas e os problemas que urge atacar. Daí podermos andar uma vida inteira no psiquiatra e andarmos sempre mal porque não estamos a ser tratados convenientemente devido a não colocarmos certeiramente o dedo na ferida. Todavia não quero dizer que não acredito na solução psiquiátrica - aliás, é precisamente o oposto e talvez eu coloque demasiada esperança que haja medicação que nos dê um élan capaz de nos meter a ver unicórnios e arco-íris e a andar de peito feito e sorridentes como se nada nos afectasse. Talvez eu seja demasiado utópico neste patamar e devesse apenas procurar andar minimamente funcional, capaz de funcionar na dita sociedade defeituosa que temos.

Podem-se perguntar: afinal, qual o objectivo deste post? O que defende ele? Em suma... diria que o objectivo deste post é, tão só e apenas, despejar cá para fora o que sinto e o que penso, mostrar um pouco de como funciona a minha mente desarranjada. Não preciso de palmadinhas nas costas, de "respira fundo, vai correr tudo bem!". Preciso, apenas e só, que a depressão adormeça o suficiente para eu poder funcionar como deve ser - ou como deveria ser. Mais nada.

disfunção original de Carlos Loução às 15:35

11.03.15

real-ghost.jpg

Bom, hoje estava para comentar mais um assunto do momento - aquela coisa das feministas andarem saídas da casca a invadirem barbearias e a queimarem soutiens - quando uma outra questão, mais próxima cá do peito, brotou do nada e fez-me pensar na vida. Obviamente que não vou entrar em detalhes - são coisas pessoais - mas tenho de arranjar forma de deixar isto sair, e como ainda é ilegar embarcar em "rampage sprees" dignas de um Falling Down, tem de ser por aqui mesmo.

Estais a ver aquelas pessoas de quem nunca nos conseguimos verdadeiramente esquecer, que nos marcam e com quem pensamos, um dia, vir a assentar, que depois nos magoam da maneira mais profunda possível, mandam-nos para o c..., dizem que que somos "pequeninos" e encolhem os ombros a seguir? Pronto, acontece-nos a todos mais cedo ou mais tarde na vida. Depois, com muita luta, muito jogo mental e muita presença de amigos e ajuda, essas pessoas acabam por passar à categoria de fantasmas. E que categoria é essa? É a das pessoas que, por muito que nós queiramos, não há meio de desaparecerem da nossa vida, aquelas cuja memória fica a perdurar no tempo, aquelas cujas memórias afloram à lembrança ocasionalmente, especialmente quando há amigos em comum, e, principalmente, aquelas que, volta e meia, decidem mandar uma mensagem para anunciarem qualquer coisa, ou que passaram à tua porta, ou que vão estar em sítio tal e tal. O que esperam essas pessoas: que, depois de toda a mascarra que engolimos e das paredes que amassámos com a cabeça por sua causa, apareçamos por lá como cachorros abandonados a dar a pata e a querer "fazer amor com a perna delas" novamente?

Já não tenho pachorra para estes joguinhos. Especialmente agora, que estou numa fase delicada da vida, que apenas quero não ter chatices e ter unicamente paz e sossego. Por isso, oh Senhores que comandam o Destino, estejam mazé quietinhos e esqueçam-se de mim mais uns seis meses, OK? Deixem-me andar com as minhas merdas sossegado.

disfunção original de Carlos Loução às 18:25

12.02.15

50_shades_of_Grey_wallpaper.jpg

Antes de mais...

O


 

Pronto, agora que já metemos a bolinha vermelha no canto do post, continuemos.

Nesta altura do Dia de São Valentim, aparece de tudo um pouco para apelar aos corações dos casais de namorados. Como se a tarefa masculina não estivesse já dificultada por termos de adivinhar o que é que o outro lado da barricada gostaria de receber por esta altura, na edição de 2015 as dores de cabeça para os homens serão ainda maiores, pois, para além de uma prenda catita, as caras-metade querem que eles passem a ser uns "Christian Grey" que as amarrem à cama e lhes façam amor louco e furioso com as mesmas. Tudo por causa do filme que acabou de estrear e que é baseado na trilogia das "50 Sombras de Grey", uma espécie de "Corin Tellado" do século XXI mas com correntes e algemas. Não li os livros - nem sequer faço tenções disso - mas quase calculo que consigo descobrir o enredo: uma jovenzinha inocente apaixona-se por um milionário rico e giro que a seduz e a acaba a introduzir ao BDSM. Basicamente, aqueles livrinhos bons para solteiras com cerca de vinte gatos em casa e que continuam à espera do príncipe encantado ou para donas de casa fartas da aborrecida vida sexual e que esperam que, do nada, os maridos se transformem nuns Chistian Grey e que lhes comecem a dar com uma paddle no nalguedo, as amarrem à cama e assinem um contrato em como elas passam a ser propriedade deles.

Eu sempre tenho tentado viver as coisas sob um prisma de que tudo é possível e permitido a um casal desde que haja a) maioridade de todos os intervenientes e b) consentimento de todos os intervenientes. Por isso, não condeno a malta que pratica o BDSM como deve ser, com todas as suas regras e preceitos, e que se tentem mudar algumas mentalidades sobre isso, por forma ao resto do mundo em geral não considerar os BDSMitas como uma cambada de depravados que se vestem de cabedal e látex e fazem "cenas malucas". Nada contra. A porca torce o rabo é quando começam a aparecer miúdas que lêem o livro e/ou vêem o filme e pensam "meu Deus, eu quero tanto ter um Grey na minha vida" e desatam à procura do primeiro gajo que seja giro, rico e que lhes dê porrada e as domine - e que depois se queixam de terem sido agredidas, de não ser nada daquilo que queriam e tal e coiso. Vamos ser sérios: a história só funciona e só tem tanta atracção porque o personagem alfa da coisa é um homem bonito e rico; caso não tivesse essas duas características, encolhia-se os ombros, era giro e tal e partia-se para outra. E só deixamos fazer tudo o que quisermos à outra pessoa se ela for rica e bonita, basicamente. Se o Grey fosse uma espécie de corcunda de Nôtre Dame, aproximasse-se da Anastasia e lhe sussurrasse ao ouvido com voz fanhosa "quero amarrar-te e fazer amor louco contigo", ela pregava-lhe com um banco na cabeça e fugia dali a sete pés. Não me lixem!

Caríssimas, lerem um livro de ficção/romance erótico e/ou verem um filme sobre o mesmo não faz de vós experts em bondage, em sadomasoquismo ou em merda alguma, para ser sincero. Que sirva para apimentar a vida sexual, tudo bem - e as lojas de artigos sexuais já estão a esfregar as mãos de contentamento com a enxurrada de compras que ai vem - mas armarem-se em submissas apenas para terem um bonzão a dizer-vos que vos quer como submissa é... como hei-de dizer?, uma fantasia, nada mais que isso. Daquelas semelhantes às dos homens fantasiarem com enfermeiras vestidas de látex justinho ou com mulheres cobertas de cabedal e botas de salto alto - e, muitas vezes, elas acontecem e acabam por se revelar uma tremenda desilusão. Por isso mesmo são "fantasias": boas para aqueles momentos em que estamos sozinhos e procuramos estímulo íntimo.

Se quiserem mesmo saber o que é BDSM, leiam, pesquisem (o Google é amigo), mas não se baseiem num livro de ficção de realidade zero. A sério. Ide por mim.

disfunção original de Carlos Loução às 21:07

17.09.13

Vivemos numa sociedade de merda. Isso já era ponto assente há algum tempo, é um facto. Todavia, sempre que me deparo com certas situações, não consigo deixar de me relembrar desse facto.

Creio que não é mal só dos portugueses, apesar de, por aquilo que me apercebo, nós sermos um povo altamente retrógrado. O mundo, no seu geral, é avesso a coisas diferentes, à diferença. Se transportássemos isto para sabores, se gostássemos todos de baunilha iriamos perseguir e escarnecer de quem gosta de chocolate, dos amantes do morango, e dos adoradores dos restantes sabores. Por isso é que existe discriminação, pela falta de respeito pela diferença.

Todo este sentimento surgiu agora por uma razão algo simples. Uma grande amiga minha resolveu dar um passo de coragem e escreveu um livro sobre um tema tabu como é o da dominação sexual (BDSM, amiguinhos: fujam!). Sim, não é inédito, especialmente tendo em conta que agora anda todo o mundo e um par de botas a delirar com ‘As Cinquenta Sombras de Grey’. Todavia, este livro é diferente, uma vez que, ao contrário dessa trilogia, é uma história real. E verdadeira. Trata da história de vida de uma dominadora, que é uma pessoa exactamente como eu, como quem lê (?) estas alarvidades minhas, com problemas na vida, com traumas, com paixões não correspondidas… e que apenas difere das pessoas ditas normais por ter uma forma diferente de procurar prazer.

Ora bem, mas onde é que eu queria chegar com tudo isto? Por esta altura, o livro já está nas bancas e, logicamente, agora é a altura de promoção do mesmo. Depois de um artigo na revista do DN/JN de domingo, segunda-feira foi o dia da ida à televisão. E, no “Você na TV” da TVI, lá apareceu a rapariga, no seu papel de Dominadora, ao lado da Cristina Ferreira. Desempenhou o seu papel, mesmo com alguns nervos, e até esteve bem. E, enquanto assistia à entrevista (e mesmo à posteriori, no Facecoiso da Cristina Ferreira, numa foto que ela colocou mesmo sobre a peça), ia estando com um olhinho nas redes sociais. E é precisamente aí onde se comprova que a sociedade – neste caso, o povo português – tem uma alta intolerância para com tudo o que é diferente, para tudo o que não é baunilha. Entre dizer-se que uma pessoa que gosta de dar chibatadas noutra tem uma doença mental, ou estarem focados unicamente no peito dela, ou de falarem na sua falta de coragem por falar por detrás de uma máscara (como se isso fizesse grande diferença, porque, ao que parece, o que se faz dentro de quatro paredes, com a consensualidade dos envolvidos, é motivo de perseguição – abençoado século XIX em que vivemos)… há sempre coisas a apontar por parte dos outsiders. Tudo por se ser diferente do rebanho e se ser diferente, por não se gostar de baunilha e se preferir antes comer chocolate. É estúpido. Porque, afinal de contas, o povão é todo púdico e até se benze quando aparece alguém vestido de cabedal de chicote na mão, mas, no fim de contas, correm para as sex-shops a comprarem algemas e vendas e brinquedos eróticos para imitarem o que vem nos “livros do Grey”. Sou só eu a denotar aqui alguma falta de coerência?

Talvez seja por eu ter demasiadas disfunções mentais…

 

PS: provavelmente sei que este texto poderá fazer com que muitas pessoas acabem também por me começar a apontar o dedo por querer sair fora do rebanho e ter uma opinião diferente. A esses apenas tenho uma coisa a dizer:

 

P’RÓ CARALHO!!

disfunção original de Carlos Loução às 09:39

27.06.13

Um daqueles textos difíceis que nunca consigo fazer airosamente. Raios.

Há quem fale muito a respeito do poder das redes sociais, que as utilize para andar à procura de engate, para destilar ódio, para aliviar os stresses diários (um bocadinho o meu caso, confesso), para promoverem o seu trabalho, para conviver, para se exibirem, entre muitas outras coisas. Todavia, também serve para nos ligarmos a gente desconhecida, a tomarmos contacto com essas pessoas que não conhecemos e a participarmos no seu dia-a-dia - e vice-versa. Naturalmente, quando acontece algo de mais negativo, isso também nos afecta, nem que seja um bocadinho.

 

Serve este intróito todo para falar da situaçãoda de um casal de jovens1, com quem tomei conhecimento precisamente no Twitter - ela seguiu-me e eu acabei por devolver o gesto. E foi através do Twitter que fui tomando conhecimento da sua gravidez, que fui acompanhando as alegrias e tristezas do desenvolvimento da bebé - para além dos web-logs de ambos os pais, apesar de nunca ter comentado. Dia 20 deste mês, a Leonor veio ao mundo, com 26 semanas e 441 g de peso. As probabilidades de sobrevivência nunca foram muito grandes, mas mesmo assim ela foi-se aguentando e lutando contra essas mesmas probabilidades, desafiando-as, e cada dia alcançado era uma vitória para ela e para os pais. Ontem, a história teve o seu desfecho, e a Leonor partiu deste mundo seis escassos dias após ter chegado. Quando comecei a ver os tweets da mãe a indiciarem o pior, confesso que comecei a sentir algo revolver-se cá dentro. Passei pela conta de Twitter do pai, esperando que as coisas melhorassem, mas quando surgiu a confirmação, confesso que fiquei alguns instantes de cara à banda, sem saber o que fazer ou como agir.

Porquê? Que poder é este que possuem as redes sociais, que nos faz interligar-nos com pessoas que nunca conhecemos, que nunca vimos, e nos faz partilhar as suas alegrias e as suas tristezas? O que é certo é que, durante o dia de ontem, as coisas parece que não correram tão bem.

 

Há outra questão que este acontecimento me fez voltar à lembrança. Como é que se pode acreditar em algo superior depois de algo assim? Como é que pode existir fé e esperança que o nascimento prematuro de um filho e a sua luta e falecimento faça alguma espécie de sentido mais retorcido e seja um "desígnio de Deus"? Eu pertenço àquele grupo de pessoas que acredita que, se existe um deus, algo, ele faria tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar a pequena Leonor - ou, ao menos, ajudasse a mãe a levar a gravidez até ao fim, dando todas as hipóteses à pequenita de sobreviver e dar alegrias aos seus papás.

 

Um grande abraço de solidariedade para a Ana e para o André. Que não deixem que o desaparecimento da Nô vos afaste ou vos deite abaixo, mas que sirva para ficarem mais fortes e continuarem a procurar a felicidade, relembrando toda a felicidade que a pequerruchita vos trouxe.

 

 

 

 


1- Mais novos que eu e já casados. Só isto dá-me vontade de me atirar aqui da janela do prédio enquanto penso "mas carraio ando eu a fazer com a minha vida?"

disfunção original de Carlos Loução às 21:16

12.03.13

Há coisas que, às vezes, nos fazem parar e pensar um bocado sobre a merda da vida. Assim mesmo, à bruta.

Aqui há umas semanas atrás, fui à terra, por causa de um evento cultural em que me convidaram a participar. À tarde, já durante os eventos da segunda parte do encontro, deparei-me com uma pessoa que eu conhecia e com quem já não estava há algum tempo. Tinha ouvido dizer que tinha tido uns problemas de saúde, que tinha estado muito mal… fui falar com essa pessoa e, basicamente, não devo ter conseguido disfarçar alguma surpresa e choque quando constatei que a pessoa não falava – não conseguia falar, de todo. O braço esquerdo estava paralisado, também, e a pessoa andava arrumada a uma bengala.

Esta pessoa, que teve um programa numa rádio alentejana, sobre cultura, gravou-me há uns largos anos, e sempre me recordo de a ver, de gravador ou microfone na mão, a fazer recolhas das tradições orais alentejanas; ou de a ouvir, quando possível, no seu programa semanal na rádio. Ver esta pessoa, assim, algo decrépita, torta, tolhida de movimentos, para mim foi avassalador. Vim depois a saber que aquela deficiência física havia sido provocada por um acidente vascular cerebral – a dita trombose – que deixou esta pessoa com um braço inútil e de fala apanhada.

É nestas alturas que uma pessoa dá valor às coisas boas que tem. E que nos apercebemos do quão pouco fazemos para as preservar.

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disfunção original de Carlos Loução às 22:02

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