15.10.16

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Ultimamente, por motivos pessoais, tenho ido bastantes vezes à terrinha – que para quem ainda não sabe, é no sudoeste do Baixo Alentejo. E como a malta até é um bocado avessa a pagar portagens, a esmagadora parte do percurso é feita pelo IC1, apesar do troço Palma – Nó de Grândola estar um autêntico nojo. E, aos sábados de manhã, é normal passar por uma pessoa que me deixa bastante envergonhado comigo mesmo.

Não sei como se chama, não sei quem é, e não sei como lhe hei-de chamar; ainda assim, apelidei-o de "paraciclista". É uma pessoa (não sei se é homem ou mulher) que, pelo que me é dado parecer, não tem uma ou as duas pernas na sua totalidade; todavia não deixa que isso a impeça de andar na estrada: pedala com as mãos, não com aquelas bicicletas com que se costuma ver os atletas paraolímpicos, mas com uma outra em que vai deitada de barriga para cima, paralela ao chão; logicamente, para não correr o risco de não ser visto por algum carro, tem uma bandeirinha laranja atrás. Todos os sábados em que tenho feito a viagem, de manhã, o encontro a uma boa velocidade por esse IC1 fora.

E agora a pergunta que talvez alguém esteja a fazer: "porque é que essa pessoa te deixa envergonhado contigo mesmo?" Pois, porque eu sou uma autêntica batata de sofá (traduzindo do original inglês), que já não corre atrás de uma bola de futebol há una doze anos e que só pedalava nas bicicletas do ginásio quando lá estava inscrito… e não tenho grande vontade de retomar actividade física. Quer dizer: andar, ando, faço caminhadas e já cheguei a fazer quase uns 20 km debaixo de Sol abrasador. Todavia mais que isso já não estou para me maçar… e cruzando-me com uma pessoa fisicamente limitada que faz das fraquezas forças e que não se deixa deter pela infelicidade faz-me sentir que eu é que sou, de facto, o limitado. E que a limitação está é nas nossas cabeças.

(Não vou falar dos atletas paraolímpicos senão sinto-me ainda mais pequenino e insignificante)

disfunção original de Carlos Loução às 17:46

17.03.16

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Devia falar por aqui mais vezes, é um facto. Mas o Facebook rouba-me a vontade de vir largar aqui postas. Não que passe a vida lá enfiado, atenção; todavia, tropeço em algo que me faz rir no dia-a-dia e acabo por despejar lá, escrevo uma frase ou duas e pronto. Mas desta vez vou forçar-me aqui, a escrever o que me deixou na necessidade de disfuncionalizar um bocadinho (esta coisa de inventar palavras é muito in, não é?).

Hoje, pela primeira vez na minha vida, presenciei um capítulo de uma batalha pelos direitos parentais de uma criança. E confesso que não gostei do que vi - se calhar acho que qualquer um não gostaria... mas abordemos o assunto com o máximo de precaução para tentar não ferir susceptibilidades (que hoje em dia temos de ser politicamente correctos ao máximo senão em menos de nada temos uma multidão à nossa porta com archotes e forquilhas pronta a linchar-nos).

Hoje fui ter com uma amiga (chamemos-lhe Filipa, um nome fictício) - sim, eu tenho amigas do sexo feminino. Depois de alguma conversa, acompanhei-a para ela ir buscar o filho à família do pai da criança, pois, depois do nascimento do rebento, pai e mãe desavieram-se e separaram-se, como tantos casais por esse mundo fora, e agora não se podem ver sem começarem a discutir, mesmo com os membros da família do ex-conjuge. A coisa tomou contornos de tal forma que a justiça já está metida ao barulho e está acordado que cada pai pode passar um fim-de-semana com o filho, indo-o buscar a determinada hora. E hoje foi o dia de Filipa ir buscar a criança.

Se todas as coisas corressem bem, à hora regimental, a criança estaria pronta para ir com a mãe; todavia, devido a alguns problemas (quem sabe derivados de toda esta situação), ela anda na terapia da fala. E assim que chegámos (com um ligeiro atraso, admito), a criança ainda não estava despachada, pois a consulta da terapia acaba à hora a que a custódia troca - aparentemente. Durante o tempo de espera, Filipa, que é uma rapariga de "pelo na venta", esteve na rua, a mandar vir com o Universo, a mandar bocas alto e bom som - que as pessoas que estavam em casa decerto ouviram.

Quase meia-hora depois da hora prevista, aparece o carro com a criança, o pai, o avô e a companheira actual do pai. E logicamente começa um bate-boca por causa do atraso, por causa do comportamento de Filipa, dos direitos de cada um, olharam o meu carro a pente fino, perguntaram-me onde tinha a cadeirinha, ao verem que não tinha armaram (ainda mais) um pé de vento para que eu não os levasse no carro, e quando Filipa se resolveu a levar a criança consigo e ir de transportes para casa (tendo de apanhar autocarro, comboio e autocarro para lá chegar) anunciaram alto e bom som que me iam seguir para garantirem que eu não lhes iria dar boleia. E, efectivamente, depois de Filipa ter abalado a pé com a criança rumo à paragem do autocarro, durante um bocadinho tive um carro atrás de mim - e, para não chatear mais os senhores, pois eles pareciam estar chateados, até fiz questão de esperar por eles. Um pouco mais à frente, virei para um lado e eles seguiram para o outro. Enquanto eu dava uma volta a uma rotunda (porque, a bem dizer, eu me enganei no caminho), vi o carro dos familiares do marido já a voltar para trás e duas pessoas - o pai e a namorada - a correrem desabridamente rumo a um ponto desconhecido. E assim acabou aquele momento de tensão... pelo menos para mim. Segundo vim depois a saber, o carro com o avô da criança entreteve-se a seguir o autocarro onde seguiam Filipa e a criança até à estação do comboio, ficando na zona envolvente à espera que eles entrassem no comboio.

Bom, isto agora é tudo muito giro de ler e debater e pensar. Todavia, como eu disse ali em cima, esta foi uma batalha de uma guerra que terá sempre uma vítima: a criança. Por muito que se tente escudar e proteger os filhos das discussões e zangas e birras entre membros familiares, eles apercebem-se de tudo e acabam por sair magoados. Ao mesmo tempo, é triste ver que aquela criança é "usada" como arma de arremesso para um lado tentar levar a melhor um sobre o outro. Todos querem o melhor para a criança, acham (ou dizem) que o seu lado poder-lhe-á dar tudo o que ela necessita para ser feliz; todavia parecem contentar-se mais em fazer os possíveis para que quem está do outro lado sofra a pena de perder todos os direitos parentais sobre aquela criança, provocando e tentando fazer com que o outro lado cometa uma imprudência que possam apresentar na justiça. Só que... que solução existe para estes casos, em que os pais quase parecem querer matar-se uns aos outros? Que fazer aos filhos para que eles sejam poupados a estas situações? Retirá-los a ambos os pais? Família de acolhimento? Decidir logo na altura entregar a custódia a um dos pais e não haver cá partilhas?

Tomar partido por alguém sabendo apenas a versão de um lado é errado; por isso abstenho-me de dar a minha opinião sobre este caso - até porque eu de jurista tenho zero e percebo ainda menos que zero destas coisas de leis e direitos e deveres quando mete filhos (até porque ainda não tenho nenhum). Agora que é algo que merecia uma resolução definitiva sem que os advogados de ambos os lados andem a deixar passar o tempo e a deixar arrastar ainda mais a coisa, ai isso merecia. Mais que não seja, pelo bem da criança - afinal de contas a "responsável" por toda esta situação e a que menos culpa tem nesta autêntica novela... e de quem toda a gente se esquece enquanto arrancam os cabelos uns dos outros. É triste.

disfunção original de Carlos Loução às 23:31

01.07.15

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(f...-se, que hoje abusei no tamanho do título...)

Durante anos, os Estados Unidos da América foram a terra do "sonho americano", onde qualquer pessoa podia seguir o seu sonho e atingir o sucesso. Nos dias de hoje, todavia, eu diria que os States já foram ultrapassados por um país bem mais pequenino: Portugal. E isto porquê? Porque não há idiota nenhum que não consiga ter sucesso - bastando, claro está, "cair em graça".

Quer dizer, todos nós reclamamos que Portugal é um país governado por ladrões e oportunistas, que se movem unicamente para encher os seus próprios bolsos: esse tema é longo de discutir; mas, se damos oportunidade de outros oportunistas e idiotas singrarem na vida e encherem-se de papel, que moral temos para reclamar dos engravatados partidários?

Mas enfim, essa questão ficará, possivelmente, para outra altura.

Esta posta (nome bonito, diga-se... deve ser do cheiro a peixe podre) é motivada por um acontecimento do dia de hoje que marcou a minha vida por completo: peguei num livro do Pedro Chagas Freitas. E li duas páginas do mesmo. A minha conclusão foi apenas e só uma: como é que é possível algo tão vazio de substância vender tanto, por Deus? Como é que é possível um livro cheio de frases órfãs de interligação entre elas estar nas listas dos livros mais vendidos em Portugal? Vejamos aqui alguns excertos retirados ipsis verbis até no formato e tudo:

      hoje estou triste porque não escreveste para mim,

      quando fazes beicinho o sol concentra-se no interior dos teus olhos, e tudo à volta escurece,

      e aqui estou eu a escrever,

      já estás a ficar melhor, estás?,

     o teu corpo contra o ar é uma espécie de atestado de incompetência para a natureza, como pode a matéria interromper o correr do tempo?,

      podia escrever hoje sobre o sorriso do teu biquini junto à piscina,

     as vezes que te amei nos meus pensamentos, e de que maneira, é melhor nem te dizer para não te chocar,

      desculpa,

      mas em todos os pensamentos acabámos com um orgasmo,

      que maravilha,

      és tão casta e tão esfomeada,

      no lugar onde estou já te despi várias vezes, e é possível, sim,

     não te rias e me venhas com essa ideia quadrada de que só se despe uma vez, porque depois está despido já,

      não está, amar-te é despir-te várias vezes no mesmo corpo, como se houvesse camadas de nudez,

      e há, só quem nunca se despiu ainda não o percebeu,

      está a ficar bom o texto?, serve-te para me quereres para todo o sempre?,

      (...)

 

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A sério, há alguém a quem esta ladaínha toda faça algum sentido? Confesso que li uma página para a frente, para trás, de cima para baixo, de baixo para cima, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda e continuei sem perceber um cartucho daquilo. Também pensei que o livro estivesse escrito num idioma próximo do português mas cujas palavras tivessem significados diferentes - neste momento, é a única ideia que para mim faz sentido.

Gostava de conhecer uma confessa apreciadora dos livros e textos do Pedro Chagas Freitas; gostava que ela me explicasse qual a mensagem escondida no que ele escreve. É que, do meu ponto de vista, os conteúdos dos canhenhos de sua autoria são coisas que parecem sair de um gerador de textos aleatórios, que junta frases sem qualquer sentido umas com as outras, sem que haja um princípio, meio ou fim declarados e confessos, sem que haja um mínimo de fio condutor em todas e quaisquer páginas? Será que isto dos livros é como aqueles quadros que não passam de rabiscos ou esculturas que não passam que perfeitos mamarrachos e que, nos leilões são arrebatados por centenas de milhões de euros? Ou será esta a resposta feminina (sim, porque, convenhamos, a maioria de leitores dos livros do Pedro Chagas Freitas pertence ao sexo oposto) a revistas como a Penthouse, Playboy, Maxmen (nem sei se elas ainda existem, mas vocês percebem a ideia) ou a jornais, publicações em que não é preciso gastar muita massa cinzenta para as compreender?

Confesso que eu sou da velha guarda, prefiro ler livros com um fio condutor, que me prendam à acção, que me façam não o conseguir largar até chegar à última página, sem chegar ao final da meada, sem chegar àquela palavra de três letrinhas que assinala o término do livro ('fim', para os mais distraídos). Gosto de livros que me façam sentir que não dei o meu tempo por perdido ao dedicar-me à sua leitura. E isto, lamento... mas, durante os cerca de dois minutos que perdi a tentar decifrar os textos contidos naquelas páginas, senti neurónios a definhar e morrer sob gritos de agonia extrema. O que já me deixa com poucos...

Podia acabar este desabafo com um "eu consigo escrever melhor que aquilo!" e colocar, como prova, um link para um outro projecto que eu tenho, mais underground, de textos de cariz mais picante. Todavia, como poderíeis apontar e bem, ele está cheio de chuchu (ou tão cheio de chuchu como um escritor em Portugal pode ter), enquanto eu não passo de um gajo com uma fanbase exponencialmente reduzida (se é que existe, de facto).

Touché, meus caros. Touché.

música: Airwave - Candy of Life
disfunção original de Carlos Loução às 21:50

07.05.15

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Este vai ser o meu último post neste web-log - ou em qualquer outra coisa. Não por minha livre e expressa vontade, atenção: apenas acho que, depois disto, haverá pessoas que não vão descansar enquanto não me queimarem vivo no meio de alguma praça porque, graças a Deus, todos somos Charlie e todos temos direito à nossa opinião - contando que essa opinião seja condizente com a da maioria. Mas quero lá saber. Ao menos morro feliz, sabendo que alguém ainda passa algum cartão às minhas disfunções - nem que depois me dêem cabo do canastro.

Durante muitos anos, a sociedade estava bastante simplificada: o homem a trabalhar, a mulher em casa a cuidar dos filhos. Não vou estar aqui a dizer que "assim é que era bom", pois nem sequer é a minha convicção - estou apenas a constatar um facto. Com os anos e a chegada dos novos ventos da liberdade, o ser feminino achou que bastava de estarem sob o jugo tirano do machismo e começaram a reivindicar direitos. Mais uma vez, nada contra. Especialmente nas aldeolas, muitas delas nem à escola iam ou saíam com menos que a 4ª classe, por isso, não vejo mal nenhum insurgirem-se por mudanças e por desejarem uma sociedade mais equalitária, com oportunidades iguais para todos.

E assim, com avanços e recuos nesse aspecto, chegamos aos dias de hoje. A igualdade dos sexos ainda não existe - mas está muito melhor do que há quarenta anos (pudera!). Todavia, por causa disso, tem havido uma corrente no seio feminino (o trocadilho não é de propósito) que, em vez de lutar por essa igualdade, prefere antes defender a superioridade feminina e que "nós somos as maiores e damos abada a qualquer homem que nos apareça à frente, gostamos de foder fazer amor à louca em qualquer parte e aguentamos com tudo o que nos atirem para cima e nós é que precisamos de ter os direitos todos, vocês, homens, têm é de comer e calar porque vocês já mandaram muito em nós!" E tratam de ocupar barbearias onde não é permitida a entrada a mulheres alegando que "o princípio de igualdade deve fazer parte de todo e qualquer serviço ao público" esquecendo-se, porventura, dos ginásios exclusivos para mulheres que existem um pouco por todo o país - e que, se fossem ocupados por algum grupo masculino, cairia o Carmo e a Trindade acusando-os de "chauvinismo", "machismo", "ataque à igualdade de direitos" para além de algumas outras coisas que me estarão a escapar. Da mesma forma que houve um real escabeche por o cientista responsável por aterrar uma sonda no cometa Churyumov–Gerasimenko, em Novembro último, foi obrigado a retractar-se por ter aparecido em público usando uma camisa com meninas semi-descascadas - e há tanta menina que se indignou por isso que, se for preciso, passa os dias no Facebook a colocar fotos de homens semi-nus ou a comprar calendários com bombeiros semi-despidos lá fotografados. Da mesma forma que não vejo protestos pela desigualdade que existe quando se sai à noite para um bar, quando elas têm entrada garantida em qualquer discoteca ou bar e com cartões de consumo mínimo relativamente baixos, ao passo que o homem tem de se sujeitar a uma taluda mais elevada... e a poder ver a entrada barrada, especialmente se for sozinho. E nem sequer vou entrar no conceito das "ladies night"...

Portanto, nos dias de hoje, temos mulheres que querem que os homens caiam de joelhos a seus pés (ainda mais que o que acontece nos dias de hoje) e ao mesmo tempo as devorem na cama, segundo o que de vez em quando surge no site oficial do feminismo em Portugal, onde se reúnem as Marias Capazes desta selva à beira-mar plantada e debitam sentenças sobre o que é "ser mulher" e "como todas as mulheres deviam ser e pensar e agir". Onde se fala de sexo como quem fala do vestido da Kate Middleton - mas onde se abomina programas de cariz sexual em horário nobre, dando um exemplo hipotético.

Sinceramente, há coisas sobre as quais prefiro nem saber que existem - e uma delas é o que seria da sociedade se este núcleo feminista tomasse de facto conta do país ou do mundo. E, ao mesmo tempo, gostava de poder ter um vislumbre dessa realidade alternativa - um daqueles casos de "a curiosidade matou o gato".

E pronto, com estas linhas acabo o texto que me transformará num proscrito e num cadáver. Gostei muito de vos conhecer.

disfunção original de Carlos Loução às 22:09

20.02.15

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Os ânimos andam demasiado exaltados, as redes sociais andam em polvorosa. Porquê? Pois, boa pergunta.

Desde os ataques ao Charlie Hebdo houve quem bradasse aos quatro ventos que, com aquilo, era o fim da liberdade de expressão, que, a partir daquele dia, as pessoas iam ter medo de continuar a dizer o que pensam. Eu, na altura, achei isso um exagero. Todavia, mais de mês e meio depois dessa triste data, cada vez mais acho que esses arautos da desgraça tinham razão. Mas não pelos motivos propagados - e com esse ataque à liberdade de expressão a vir precisamente de quem mais a "defende".

Não sei se a crise em que vivemos anda a mexer com as cabeças da população e elas acabam por precisar de aliviar o stress de alguma forma, mas diria que nos dias de hoje há que se ter muito cuidadinho com o que se coloca nas redes sociais - muito mais do que se tinha cuidado com as conversas nos tempos da PIDE/DGS - sob pena de alguém, Charlie ou não, não gostar, seja lá por que motivo for, e desencadear a partir dali uma campanha de ódio contra a pessoa (ou instituição - mas já elaboro este caso), que ecoa em outras pessoas que alinham pelo mesmo diapasão, sentem-se ultrajadas pelo colocado... e, a partir daí, o infeliz tem a vida feita num inferno, com ameaças a tudo o que ele tem (família, trabalho, and so on). Passemos a um exemplo.

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A mensagem assinalada é de José Gabriel Quaresma, jornalista da TVI24. Vou fazer um leap of faith e assumir que todos nós, nalgum momento da nossa vida, dissemos algo do género, nas mais diversas situações. Não sei se sim se não, mas não interessa. O que interessa é que houve quem visse e não ligasse, houve quem achasse piada e se risse... e, logicamente, houve quem não achasse piada à coisa. E divulgasse. E a partir daí começaram as ofensas, as acusações, as ameaças, os mails para a TVI com o intuito de provocar o despedimento do jornalista - o costume, portanto, quando as pessoas sentem que estão a atentar contra a honra da sua dama.

Depois há o exemplo da Sagres. Como sabeis, nestes últimos dias apareceu uma publicidade da Sagres baseada numa fífia/frango/"o que lhe queiram chamar" de Rui Patrício no jogo Belenenses - Sporting. E, tal como aconteceu no caso anterior, houve quem achasse piada, quem encolhesse os ombros e, claro está, quem ficasse afrontado com aquilo, indignando-se contra "o achincalhamento do titular da Selecção Portuguesa", jurando nunca mais tocar nos produtos da Sagres, inundando os servidores de mail do provedor do cliente - e, até, colocando no OLX grades de cerveja Sagres à venda (a um preço ridículo, mas não importa).

Eu sou daquelas pessoas que acham que a vida é demasiado curta para andarmos aqui a destilar ódio por tudo o que mexa e não siga as nossas doutrinas e reconheço que também já me indignei algumas vezes com situações parvas, mas... qual a necessidade de chegarmos a estes pontos por coisas parvas? O que aconteceu à nossa boa-disposição, ao nosso poder de encaixe? E vamos partir do pressuposto que estas campanhas de ódio fazem valer os seus direitos e conseguem efectivamente provocar o despedimento do prevaricador: o que se ganhou com isso? Ou é a sempre presente Schadenfreude que tanto amamos e veneramos a entrar em cena?

Gostava que me explicassem isso. Mas com desenhos, pode ser que eu perceba assim.

 

PS: quero desde já deixar bem claro: se as situações se tivessem passado com outros intervenientes de outros clubes, as minhas posições seriam exactamente as mesmas, lamento. Quando não gosto das coisas, não as vejo - parece-me simples matemática, certo? Como diz uma amiga minha, "Ser Charlie não é rir de tudo, é só não matar quem não nos faz rir."

disfunção original de Carlos Loução às 11:22

18.02.15

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E pronto: os sacos de plástico disponibilizados anteriormente de forma gratuita nas superfícies comerciais passaram a ser taxados pelo Estado. Para além dos gritos useiros e vezeiros destas ocasiões de "Qualquer dia taxam-nos até o ar que respiramos!", o que este acto acabou por resultar é em ver muita gente passar a trazer sacos de casa ou em andar com aqueles recicláveis de 1€ (ou mais, sinceramente atirei o valor ao ar) e meter tudo lá dentro. Bom, se formos a ver, a malta ia ao hipermercado, comprava dez itens e levava dez sacos para casa, cada um com uma coisa. Mas já sei que, dizendo-se isso, as pessoas poderiam dizer "os sacos não gratuitos? Não estou no meu direito de levar os que eu quiser? Então eu levo os que eu quiser!", o que acaba por ser mau para o ambiente, blá blá blá. Por isso, recorre-se à segunda mais fácil e primitiva forma de se inibir o ser humano de fazer alguma coisa: coloca-se um imposto sobre essa coisa.

Agora o que me causa alguns fornicoques no cérebro é ver malta dizer que é uma injustiça retirarem os sacos, que é um direito dos consumidores terem-nos à sua disposição. Meus amigos, eu aconselhava-vos a fazerem uma pequenina imagem no tempo, para o tempo em que não existia grandes superfícies coemrciais cá por Portugal, para o tempo que os vossos pais, os vossos avós tinham de ir à mercearia da esquina (ou da aldeia mais próxima) fazer o avio para a semana ou para o mês, e não recebiam as compras em saquinhos de plástico! Todavia, os compradores iam munidos da sacola de serapilheira ou do cesto de vime, ou daquelas fitas que uniam as paletes de tijolos, colocavam as compras ali dentro e seguiam felizes e satisfeitas da vida (algumas queixando-se das cruzes, mas isso todos nós teremos, se lá chegarmos). Só que, com o tempo, como sempre, fomo-nos acostumando à ideia de termos os saquinhos de plástico à là gardère e agora, que eles passaram a custar a exorbitância de 0,10€ (que, para quem compra muita coisa, realmente é algum custo acumulado), em vez de pensarmos em voltar a este hábito de dar trabalho aos pobres artesãos que ainda se dedicam a esta arte de criar cestos e cestas e sacolas e o mais, optamos antes por reclamar da injustiça que é taxarem-nos os sacos de plástico.

Não ao saco de plástico! Sim à cesta de vime (à falta de melhor chavão para comcluir este post... olha, vai assim mesmo)!

 

PS: o post anterior desta xafarica foi tão bom, tão bom, tão bom que até mereceu destaque no Sapo. A todas as pessoas que se enganaram e vieram cá parar: as minhas desculpas. Manter a bitola era dificílimo: é que aquele post saiu bonzinho, os restantes são assim p'ró merdosos.

disfunção original de Carlos Loução às 14:20

12.02.15

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Antes de mais...

O


 

Pronto, agora que já metemos a bolinha vermelha no canto do post, continuemos.

Nesta altura do Dia de São Valentim, aparece de tudo um pouco para apelar aos corações dos casais de namorados. Como se a tarefa masculina não estivesse já dificultada por termos de adivinhar o que é que o outro lado da barricada gostaria de receber por esta altura, na edição de 2015 as dores de cabeça para os homens serão ainda maiores, pois, para além de uma prenda catita, as caras-metade querem que eles passem a ser uns "Christian Grey" que as amarrem à cama e lhes façam amor louco e furioso com as mesmas. Tudo por causa do filme que acabou de estrear e que é baseado na trilogia das "50 Sombras de Grey", uma espécie de "Corin Tellado" do século XXI mas com correntes e algemas. Não li os livros - nem sequer faço tenções disso - mas quase calculo que consigo descobrir o enredo: uma jovenzinha inocente apaixona-se por um milionário rico e giro que a seduz e a acaba a introduzir ao BDSM. Basicamente, aqueles livrinhos bons para solteiras com cerca de vinte gatos em casa e que continuam à espera do príncipe encantado ou para donas de casa fartas da aborrecida vida sexual e que esperam que, do nada, os maridos se transformem nuns Chistian Grey e que lhes comecem a dar com uma paddle no nalguedo, as amarrem à cama e assinem um contrato em como elas passam a ser propriedade deles.

Eu sempre tenho tentado viver as coisas sob um prisma de que tudo é possível e permitido a um casal desde que haja a) maioridade de todos os intervenientes e b) consentimento de todos os intervenientes. Por isso, não condeno a malta que pratica o BDSM como deve ser, com todas as suas regras e preceitos, e que se tentem mudar algumas mentalidades sobre isso, por forma ao resto do mundo em geral não considerar os BDSMitas como uma cambada de depravados que se vestem de cabedal e látex e fazem "cenas malucas". Nada contra. A porca torce o rabo é quando começam a aparecer miúdas que lêem o livro e/ou vêem o filme e pensam "meu Deus, eu quero tanto ter um Grey na minha vida" e desatam à procura do primeiro gajo que seja giro, rico e que lhes dê porrada e as domine - e que depois se queixam de terem sido agredidas, de não ser nada daquilo que queriam e tal e coiso. Vamos ser sérios: a história só funciona e só tem tanta atracção porque o personagem alfa da coisa é um homem bonito e rico; caso não tivesse essas duas características, encolhia-se os ombros, era giro e tal e partia-se para outra. E só deixamos fazer tudo o que quisermos à outra pessoa se ela for rica e bonita, basicamente. Se o Grey fosse uma espécie de corcunda de Nôtre Dame, aproximasse-se da Anastasia e lhe sussurrasse ao ouvido com voz fanhosa "quero amarrar-te e fazer amor louco contigo", ela pregava-lhe com um banco na cabeça e fugia dali a sete pés. Não me lixem!

Caríssimas, lerem um livro de ficção/romance erótico e/ou verem um filme sobre o mesmo não faz de vós experts em bondage, em sadomasoquismo ou em merda alguma, para ser sincero. Que sirva para apimentar a vida sexual, tudo bem - e as lojas de artigos sexuais já estão a esfregar as mãos de contentamento com a enxurrada de compras que ai vem - mas armarem-se em submissas apenas para terem um bonzão a dizer-vos que vos quer como submissa é... como hei-de dizer?, uma fantasia, nada mais que isso. Daquelas semelhantes às dos homens fantasiarem com enfermeiras vestidas de látex justinho ou com mulheres cobertas de cabedal e botas de salto alto - e, muitas vezes, elas acontecem e acabam por se revelar uma tremenda desilusão. Por isso mesmo são "fantasias": boas para aqueles momentos em que estamos sozinhos e procuramos estímulo íntimo.

Se quiserem mesmo saber o que é BDSM, leiam, pesquisem (o Google é amigo), mas não se baseiem num livro de ficção de realidade zero. A sério. Ide por mim.

disfunção original de Carlos Loução às 21:07

11.02.15

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Ao que parece, "ser-se Charlie" é algo assim tipo interruptor: carrega-se num botão e "somos Charlie", carrega-se no mesmo botão e deixamos de o ser. Isto dá muito jeito quando se toca em assuntos respeitantes à opinião dos outros ou à nossa. Nada que não se soubesse, é verdade, mas tendo em conta os últimos acontecimentos, apeteceu-me puxar este tema mais para cima outra vez.

Isto vem tudo a respeito de um artigo do Expresso onde aparecem a Imbecil Que Acha Que Os Ataques Ao Charlie Hebdo Foram Motivados Pela Austeridade (mas mais conhecida pelo nome de baptismo de "Ana Gomes") e a Imbecil Filha De Adriano Moreira Amante De Paulo Portas (ou, como os amigos lhe chamam carinhosamente, "Isabel Moreira"), que, nos últimos tempos, têm andado num bate-boca digno de um qualquer Rocky Balboa Vs. Apollo Creed. Confesso que isso, a mim, não me aquece nem me arrefece (ou, por outra, até dá gosto de ver duas socialistas às turras e às birrinhas por atenção), apesar de já ter consumido muitos baldes de pipocas a assistir a este "combate".

O que ainda me dá mais vontade de rir é quando o Expresso faz uma foto-montagem em que mete as duas num cenário de jogo de "soco-neles" da década de 90 e aparecem logo "Charlies" - ou seja, pessoas que andaram a dizer que eram "charlie" logo após os ataques terroristas de 7 de Janeiro, que se fartaram de escrever "je suis Charlie" e de defender que a liberdade de expressão e imprensa deve ser sempre respeitada - a condenartanto a imagem como a notícia em que a mesma se incluía. Portanto, os "Charlies" transformaram-se em "terroristas muçulmanos", basicamente.

Sim, eu tenho problemas com isto. Tenho problemas com a malta que diz "temos de respeitar as vistas das outras pessoas" mas depois desatam a atacar os outros assim que alguém dá uma opinião que não se enquadre na opinião geral. Que "temos de respeitar o que os outros dizem/pensam" porque, basicamente, eles dizem/pensam o mesmo que nós: se não fosse assim, essas pessoas estariam erradas e deveriam mudar de opinião para que estejam de acordo connosco.

Nous sommes hypocrites.

 

PS: não sou defensor do nem trabalho no Expresso.

disfunção original de Carlos Loução às 09:59

29.01.15

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Pois é. Parecendo que não, foi há uns dez anos que comecei a ter um web-log (recuso-me determinantemente a utilizar a designação "blog", acho parvo) e comecei a atirar merdas para o mundo ler - ou ninguém, mais certeiramente, mas a questão não é essa. Na altura, estava pelo Blogspot, e escrevia sobre coisas parvas, que me apoquentavam no dia-a-dia que me rodeava. Achava-me com uma piada tremenda, que tinha um estilo que até dava um livro engraçado. Era um puto de 20 anos, cheio de vontade de vomitar bitaites parvos. Dez anos depois, apenas me apetece dizer: parvo.

Muitas coisas mudaram em dez anos, até mesmo o meu "alias". Quando comecei era "Nettwerk van Helsing", agora passei a ser "Rodolfo Dias" - a parvoíce aliou-se à brejeirice, basicamente. E o endereço também mudou, pois, se estava no Blogspot, passei para o Sapo, e mesmo no Sapo esta já é a segunda encarnação desta xafarica. Mas, como sou um gajo que gosta de acumular tudo, fui sempre transferindo os posts antigos comigo - portanto, se quiserdes, podeis deliciar-vos a recuar no tempo e a ver todos os textos que alguma vez aqui coloquei. Não que o aconselhe, sinceramente. Se calhar é só uma fase, enfim.

Outra coisa que mudou com o tempo foi a atenção que dediquei a isto. Se, nos primeiros tempos, pensava fazer disto quase um diário, a verdade é que passei quase anos em que este espaço ficou ao abandono, onde apenas vinha colocando uma pensagem de quando em vez, tentando ganhar novo fôlego para regressar aos textos - fôlego que nunca chegou. Depois vejo posts de outras pessoas e volto a galvanizar-me. Enfim. Maldito Facecoiso. Maldita alienação desta maldita sociedade. Bah.

PS: por acaso, o aniversário foi mesmo há dois dias. Mas que se lixe. Com F grande.

disfunção original de Carlos Loução às 15:58

14.01.15

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Quem por cá anda a ler-me todos os anos que eu tenho andado a vomitar coisas para um web-log (ou seja, cerca de zero pessoas) sabe a minha posição sobre caricaturas e Islão (tenho é de ver se reponho as imagens...). E, pasme-se: a posição que eu tinha há nove (!) anos mantém-se. Isto de haver gente que decide pegar em espingardas e assassinar outros só porque ridicularizaram uma personagem importante na mitologia de uma religião é perfeitamente estúpido. Até aqui, nada de novo e acho que concordamos todos com isto (excepto os visados, obviamente).

Agora a coisa pia mais fino é quando assistimos ao aftermath dos atentados de Paris, não só em França mas por todo o lado, inclusivamente cá. Vemos toda uma fatia de pseudo-intelectuais a auto-intitularem-se defensores da liberdade de expressão e a brandirem a bandeira do "Je suis Charlie" - mas que, no dia-a-dia, não admitem qualquer crítica ao seu trabalho, à sua forma de pensar ou às coisas que defendem.

Nestes últimos dias, apareceram como "charlies":

  • jornalistas/humoristas/-istas que, nas redes sociais, bloqueiam todos os que acham o seu trabalho ou a sua escrita uma merda;
  • pessoas que nunca ouviram sequer falar no Charlie Hebdo nem sabem de que se trata;
  • pessoas que apenas se preocupam com a liberdade de expressão quando está em causa a sua liberdade de expressão;
  • malta que apenas se intitula como tal porque é "fixe" e porque é a "cena do momento".

(provavelmente alguns dos grupos que referi até poderão ser repetidos, mas diria que há diferenças entre todos eles)

Depois, obviamente, há quem queira fazer aproveitamento político destas coisas, quem declare que o que se passou na redacção do Charlie Hebdo é derivado das políticas de austeridade ou que os media portugueses deviam dedicar-se aos "direitos de um português que está IMPEDIDO de dar entrevistas" em Évora. Nestas alturas, todos os lunáticos saem todos da toca e recebem o protagonismo que anteriormente ninguém lhes dá.

O que não tem piada nenhuma é que, no final de contas, está tudo como dantes, quartel-general em Abrantes. Em França, esse paraiso do multi-culturalismo onde todos são bem-vindos e podem fazer de conta que estão em casa (assim como por toda a Europa, Portugal inclusivé), não se pode interferir com os credos alheios, os franceses têm de adaptar a sociedade para comportar os costumes sócio-culturais dos imigrantes (em vez do contrário que seria, afinal de contas, o mais lógico) e estão sujeitos a sofrer a sua hostilidade por alguma "falta de respeito" - mas se as coisas acontecerem no sentido inverso, existe logo uma sublevação, motins, gente injustiçada a brandir forquilhas contra o "racismo" europeu. Em Portugal, isso também acontece, obviamente: basta ver como as minorias étnicas são tratadas em relação aos autóctones, os privilégios que disfrutam e que gozam que os de cá não possuem. De certeza que haverá quem ache isto "racista" ou "xenófobo"; só que, se eu calhar a ir para um país muçulmano ou hindu, terei sempre de me adaptar às suas regras, aos seus costumes e cultura; porque será que o inverso não acontece?

São assuntos celeumáticos, é um facto. E sei que os europeus também não são flor que se cheire (o segundo milénio está cheio de casos em que forçámos os outros a adaptarem a nossa cultura e crenças sob pena de serem passados a fio de espada ou bala de mosquete). Todavia desviei-me do assunto em questão: a hipocrisia que rodeia o massacre do Charlie Hebdo. E ainda há outra coisa que me esqueci de referir: caso a publicação estivesse conotada com a direita, em vez da sua inclinação actual, cheira-me que o desgosto e revolta com o atentado teria sido muito menor. Aposto o que quiserdes.

Para finalizar: se quisesse armar-me aos cucos, tinha colocado uma imagem do Charlie Hebdo: todavia, preferi antes relembrar a coisa mais parecida com essa publicação que alguma vez existiu: Gaiola Aberta/Fala Barato/O Cavaco/O Moralista, do imortal José Vilhena, esse one-man show que fazia tudo nas suas revistas que inundaram as bancas nacionais após a Revolução de 1974, que teve o sucesso que teve precisamente por a sua prosa encontrar refúgio nos ideiais de esquerda. Alguém adivinha que sucesso teria uma revista satírica se esta fosse fã da direita - mesmo estando nós num país com liberdade de expressão e com tantos araútos a defendê-la?

disfunção original de Carlos Loução às 14:41

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Este web-log não adopta a real ponta de um chavelho. Basicamente, aqui não se lê nada de jeito. É circular, c...!
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