15.10.16

Para-atletismo.jpg

Ultimamente, por motivos pessoais, tenho ido bastantes vezes à terrinha – que para quem ainda não sabe, é no sudoeste do Baixo Alentejo. E como a malta até é um bocado avessa a pagar portagens, a esmagadora parte do percurso é feita pelo IC1, apesar do troço Palma – Nó de Grândola estar um autêntico nojo. E, aos sábados de manhã, é normal passar por uma pessoa que me deixa bastante envergonhado comigo mesmo.

Não sei como se chama, não sei quem é, e não sei como lhe hei-de chamar; ainda assim, apelidei-o de "paraciclista". É uma pessoa (não sei se é homem ou mulher) que, pelo que me é dado parecer, não tem uma ou as duas pernas na sua totalidade; todavia não deixa que isso a impeça de andar na estrada: pedala com as mãos, não com aquelas bicicletas com que se costuma ver os atletas paraolímpicos, mas com uma outra em que vai deitada de barriga para cima, paralela ao chão; logicamente, para não correr o risco de não ser visto por algum carro, tem uma bandeirinha laranja atrás. Todos os sábados em que tenho feito a viagem, de manhã, o encontro a uma boa velocidade por esse IC1 fora.

E agora a pergunta que talvez alguém esteja a fazer: "porque é que essa pessoa te deixa envergonhado contigo mesmo?" Pois, porque eu sou uma autêntica batata de sofá (traduzindo do original inglês), que já não corre atrás de uma bola de futebol há una doze anos e que só pedalava nas bicicletas do ginásio quando lá estava inscrito… e não tenho grande vontade de retomar actividade física. Quer dizer: andar, ando, faço caminhadas e já cheguei a fazer quase uns 20 km debaixo de Sol abrasador. Todavia mais que isso já não estou para me maçar… e cruzando-me com uma pessoa fisicamente limitada que faz das fraquezas forças e que não se deixa deter pela infelicidade faz-me sentir que eu é que sou, de facto, o limitado. E que a limitação está é nas nossas cabeças.

(Não vou falar dos atletas paraolímpicos senão sinto-me ainda mais pequenino e insignificante)

disfunção original de Carlos Loução às 17:46

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Este web-log não adopta a real ponta de um chavelho. Basicamente, aqui não se lê nada de jeito. É circular, c...!
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