24.05.11


Bom, então diz que temos aí mais um período eleitoral para o Parlamento. Mais um período de duas semanas em que os políticos (ou serão mais pulhíticos?) irão percorrer o país de Norte a Sul, inundando o país de panfletos e cartazes defendendo os seus ideais (ou a falta deles), fingindo ouvir as pessoas, condoendo-se com as suas dores, expelindo grossas lágrimas de crocodilo ao ouvirem as súplicas e os queixumes aflitivos dum povo cansado de sentir o cinto apertado há anos. Mais um período em que os nossos impostos vão ser utilizados para nos darem música durante estes quinze dias, para as cassetes da propaganda serem rodadas ao longo das estradas, feiras, festas, romarias, e espaços do género, onde se distribuem porta-chaves, fitas, canetas e todo o material inútil que é utilizado nestas acções. Multiplicam-se os almoços e jantares-comício, onde cada um procura ter o máximo de pessoas possível, mesmo com "ajuda" de pessoas que nem sequer podem votar. Os noticiários passam a ser dominados pelas notícias da campanha, pelas picardias entre os candidatos a Primeiro-Ministro, pelos comentários dos lambe-botas partidários (sempre em busca dum lugarzinho onde possam continuar a ser yes-men em troca duns trocados).


 


E para quê?


 


Simples. Para continuar tudo na mesma. Depois de 5 de Junho, as coisas vão permanecer iguais. Seja lá quem for que ganhe o direito de constituir governo, o calcanhar vai continuar bem cravado na cada de todos nós. E isto aplica-se quer seja comunista, bloquista, socialista, social-democrata ou dos outros. Dos dois primeiros, de facto, já não há nada a esperar. Depois de trinta e tal anos a ouvir as ideias da esquerda - ou melhor dito, a cassete da esquerda - seria expectável que os portugueses já tivessem aberto os olhos e dado um definitivo pontapé nesse resquício caduco do século XX1 que ainda mina a sociedade portuguesa. Porém, constata-se que, ao invés, ainda existe uma parte significativa do eleitorado que ainda se refugia por detrás da bandeira carmesim da comuna estalinista, trotskista e mais uns quantos istas, achando que, de verdade, esses são os que se interessam pelo trabalhador comum, eternamente espezinhado pelo satânico capitalista, pela população desempregada cujo número não pára de aumentar. A verdade é que eu mais depressa me atiraria para uma piscina infestada de piranhas ostentando um par de calções feitos de carne do que colocaria a minha cruz no quadradinho dos comunistas. Gentinha mais retrógrada ainda não conheci. Se Charles Darwin tivesse nascido Karl Darwinov, cem anos mais tarde, e se tivesse lançado o seu livro, teria apodrecido num gulage ainda acreditaríamos que éramos filhos de Adão e Eva. Só se ouve falar dos protestos da esquerda aos projectos que ainda se vão adjudicando, ao passo que as suas ideias não passam de meras utopias e delírios de gente sem qualquer contacto com a realidade.


 


E, com esses dois já riscados do mapa, restam os três partidos de direita. Também não me seduzem. Também não me parecem coerentes, nem sequer me parecem o que Portugal necessita, de momento. Se a obra de Sócrates (e, principalmente, o seu nepotismo) está à vista de todos, também é verdade que PPC já deu demasiados tidos nos pés durante a pré-campanha - e Portas, claro está, faz lembrar aqueles cãezinhos minúsculos com mau feitio: tentam encarrapitar-se e morder nos cães grandes, ladrando incessantemente.


 


E, portanto, são estes cinco desastres que temos à escolha para os próximos quatro anos2. Entre Sócrates, PPC, Portas, Jerónimo ou Louçã, argh... preferia era poder mandar vir uns governantes do estrangeiro, a ver se tinham mão nesta canalha que cá anda. Mas aí, bom... talvez o povo se queixasse do apertar ainda mais bárbaro do cinto. Será que pensávamos mesmo que nos iríamos escapar às consequências de gastarmos à tripa-forra? Pois é...


 


 


 


 




1- sendo muuuuuito optimista.


2- não é exequível, sequer, pensar que alguma das outras facções políticas poderá aspirar ao que quer que seja - a não ser disputarem o seu próprio campeonato interno.

disfunção original de Carlos Loução às 11:17

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Este web-log não adopta a real ponta de um chavelho. Basicamente, aqui não se lê nada de jeito. É circular, c...!
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