Bom, vou passar a ser um gajo da moda. Tendo em conta que, agora, o que está a dar é falar de política, deixa-me cá saltar para esse bandwagon.
José Sócrates finalmente caiu, depois dum longo e angustiante reinado de seis anos. Há quem diga "finalmente", alguns dirão "infelizmente". Eu encontro-me perto dos primeiros, mas não lá. Não vou discutir sobre a valia (ou falta dela) de Sócrates como PM, pois não é isso que prevejo fazer neste texto. Não vou apontar as mentiras que empurrou ao longo destes seis anos, e não vou avaliar sobre se foi um mau Primeiro, ou um péssimo, ou ainda catastrófico. Porém, verdade seja dita, não fiz nenhuma festa quando o PM apresentou a demissão. Não atirei figuetes, nem nada. Porque a questão que se coloca é o "e agora?". Quem é que vai suceder ao dito "Pinócrates"?
Provavelmente o problema até será meu. Afinal de contas, gostaria que surgisse desde já uma candidatura de alguém que fosse capaz de levar esta frederica a bom porto. Se calhar, estou assolado dos vícios dos portugueses, que querem que tudo seja feito rapidamente e sem olhar a quem - e feito por "eles". Gostava que aparecesse por aí um Messias que, desprovido de ligações políticas (epah, gostava disso, pronto! Deixem-me ser utópico à vontade) mas munido duma equipa decente, com homens de valia nos principais pontos-chave, que cortassem onde tivessem de cortar, que apertassem onde tivessem de apertar, mas que levassem a carta a garcia. Só que lá está... sem uma máquina política por detrás, nunca tal projecto teria pernas para andar, pois em Portugal vota-se mais nos partidos do que nas pessoas. E assim, cá estamos nós na realidade actual, com todos os partidos a atirarem as culpas uns para os outros - com o beneplácito do tísico de Boliqueime, entretido a roer no seu bolo-rei e a apreciar a reforma no Palácio de Belém.
Aí está outra questão que também me faz alguma comichão, parecendo que não (tanta rima enfiada, cristo!). Afinal de contas, quem é que é o culpado de tudo isto? Já sei que muitos irão dizer que a culpa é "deles", ou dos "gordos", dos "capitalistas", dos "patrões". E, a meu ver, estaríeis completamente errados. Retirando uma frase dum dos meus filmes favoritos, "if you're looking for the guilty, you need only look into a mirror". Honestamente, sinceramente, é perfeitamente inútil e patético escudarmo-nos detrás do sempre generalista "eles" e desviarmos as nossas culpas de toda esta crise. São "eles" que governam? Pois são. Mas quem é que os mete lá? Quem é que bebe as palavrinhas que eles dizem, quem é que acha que o que eles dizem é verdade, quem é que acredita na ladaínha de vendedor de banha da cobra? Somos nós. E, como já referi, quem é que vota em candidato 'a', 'b' ou 'c' apenas e só por causa da cor política, sem sequer ter em consideração a valia da pessoa, o currículo, a sua carreira? Eu me confesso: eu não sou. Alguns também não o farão. Mas muitos fazem-no sem hesitar. E, se dúvidas houverem, é só olhar-se os resultados das eleições dos últimos anos.
Não vejo solução para esta crise. Isto porque os portugueses não se sabem governar a eles mesmos. Sabem-se governar, apenas e só. E, enquanto os dinossauros políticos continuarem a enxamear a vida governativa portuguesa (ávidos defensores da prática de se governarem), a meu ver, o caso vai estar mal-parado. Para todos nós.